Ataque dos Cabanos (parte 2)
As ideias absolutistas levaram Torres Galindo a ser afastado das suas funções de Capitão-mor, fato que se deu logo após as agitações ocorridas no dia 6 de maio de 1831 e por determinação do Presidente da Província, Pinheiro de Vasconcelos. Torres Galindo tinha-se engajado, definitivamente, ao movimento.
Estando participando de uma rebelião desse movimento na Capital, no dia 17 de abril do ano seguinte, e sendo a mesma sufocada pelas tropas legais, terminou o ex-capitão-mor por refugiar-se no interior da Província, onde continuou seu programa de luta, o mesmo dos regressistas, que tinha como intenção instituir um novo Império no Norte do Brasil, cujo soberano seria evidentemente o ex-Imperador brasileiro, D. Pedro I. Ao foragir-se no interior, liderou vários movimentos facciosos em Bonito, Bezerros e Santo Antão, sendo sempre perseguido pelo Governo. Nessa região, Torres Galindo juntou-se ao bando de um tal Timóteo, com o qual promoveu varias guerrilhas e emboscadas, em diversos localidades. Tais movimentos, tinham por participantes gente humilde, residentes em cabanas, gerando daí o nome da revolta.
Sobre o ex-capitão Torres Galindo, o seu nome saiu estampado nas folhas da imprensa pernambucana, e numa delas foi tratado de "estúpido agricultor de algodão e acérrimo inimigo do Brasil". Em Panelas, os cabanos aliados a Torres Galindo, estabeleceram-se na Serra do Cafundó, em território da Lagoa dos Gatos, que à época era anexado a Panelas.
Como a área do Cafundó era próxima à Povoação do Bonito, foi aí estabelecido pelas forças legais, um recrutamento para combater os Cabanos em seus ataques. em muitos desses combates houve verdadeira destruição das tropas insurretas. Entre alguns homens que participaram ao lado das forças legalistas, notabiliza-se o Coronel Félix Fernandes Portella (que mais tarde torna-se-ia um dos grandes vultos da política bonitense), e que, posteriormente, escreveria um extenso relatório das suas campanhas no interior, contra os amotinados. Sabemos que Félix Portella era comandado pelo Capitão José Alves de Morais e, de certa feita, caiu ferido, sendo retirado do combate, voltando logo depois de sarado.
Em 28 de abril de 1832, a Câmara de Santo Antão endereçou um ofício ao Conselho Provincial, comunicando que o façanhudo Torres Galindo, ao amanhecer do dia 25, atacara uma força superior na Povoação de São José dos Bezerros.
Em dezembro daquele ano, chegou a Santo Antão a notícia de que os revolucionários Cabanos iam ocupar a Povoação do Bonito. Logo que soube, a Câmara de Santo Antão solicitou socorro ao Governo, para armar cidadãos, na defesa da localidade ameaçada. Os insurretos invadiram grande parte do território, havendo verdadeira emboscada na Fazenda Currais, hoje logradouro da atual Vila de Iuiteporã. Houve, naquela localidade, uma guerrilha, com muita perda de sangue entre as forças legais e os amotinados.
Livro - Bonito: das Caçadas às Indústrias
Flávio José Gomes Cabral
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