Ataque dos Cabanos (parte 3)
As forças legais, vindas para salvar o Bonito, estavam sob o comando do Tte. Cel. José Francisco Vaz Carapeba. Soube-se, posteriormente, que, no dia 19 de dezembro, Torres Galindo havia se confinado na sua fazenda, a 6 léguas da Povoação do Bonito. O revolucionário Torres Galindo, depois de compartilhar das lutas com Timóteo, um dos Cabanos, passou a residir no Bonito na Fazenda Alexandria.
Chegando na área dos Cabanos a repercussão do movimento da Província do Ceará, cujo cabeça era Pinto Madeira, o governo pernambucano procurou de imediato ajudar os cearenses, enquanto que Torres Galindo procurou subornar adeptos para apoiar aquele rebelde cearense. O Juiz de Paz do Bonito, Capitão Manuel Bezerra de Mello, sabendo desse movimento, tratou de denunciá-lo à presidência da Província, pois Torres Galindo já estava preparando munições de pólvora, chumbo e armas para seguirem ao Ceará. Para combatê-lo, o Governo enviou cerca de vinte homens, que desastrosamente foram derrotados juntamente com o Tte. Mavignir, que saiu ferido.
Graças à atuação do Bispo de Pernambuco, D. João da Purificação Marques Perdigão, em 1835 os insurretos depuseram as armas, extinguindo a revolta dos Cabanos, que vinha varrendo a população interiorana.
Vendo que aquela revolta ia prolongar-se por muito tempo, D. João da Purificação, empenhou-se na luta de ajudar ao governo, procurando conversar com os revoltosos e mostrar-lhes o bom caminho. Por isso, percorreu todos seus domínios espirituais, na ânsia de dialogar com o caudilho Vicente de Paula.
Estando em visita na Povoação da Água Preta, não pôde se ter com Vicente de Paula, porque este pressentiu que estava sendo perseguido pelas forças legalistas. E assim, embrenhou-se com seus famintos homens pelas matas do Una, atravessando serras, até topar nas proximidades do Bonito. Sabendo dessa fuga, o Bispo de Pernambuco, segue as pegadas dos Cabanos e chega À Vila do Bonito, em fins de julho de 1835. Na sede do município, hospedara-se na residência do advogado Joaquim José Estêves, por não haver ainda casa paroquial, pois no espiritual da Vila do Bonito era pertencente a Freguesia de São José dos Bezerros.
Naquela Vila, sede de comarca, foi grande o número de curiosos e peregrinos afim de ouvirem as pregações daquele prelado, que no Bonito realizou alguns batizados, casamentos e outros atos que recomenda a Igreja Católica.
Habilmente informado onde poderia conversar com o chefe cabano, D. João da Purificação envia-lhe uma carta salientando o seu desejo de conhecê-lo, sem a intervenção policial. Marcado o encontro, o Bispo partiu do Bonito em direção de Vicente de Paula, o qual foi perdoado após confissão.
Livro: Bonito - Das Caçadas às Indústrias Flávio José Gomes Cabral
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