As festas de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira da Cidade, começaram quando Bonito ainda era um simples arruado. Os povoadores realizavam com simplicidade. Tudo não passava de uma romaria ao santuário da padroeira. Aos poucos, estas solenidades foram se tornando mais pomposas. As canoas, os pastoris, os coretos, os tabuleiros de bolos, os carroceis apareceram posteriormente. Houve épocas em que a festa da Conceição era a mais importante. As comissões saíam, percorrendo cidades e vilas, afim de angariar donativos para a festa. Moças pregavam cravos na lapela dos rapazes: estes doavam óbolos para a festa. Havia bazares no pátio da Igreja. Tudo era animado. O que sempre entusiasmou o povo foram os velhos pastoris. Todos queriam ver o seu cordão ganhar. Havia verdadeira guerrilha pecuniária. O leilão, uma tradição da festa, corria animado. Homens, elegantes trajados. Mulheres, ostentando vestidos copiados dos figurinos franceses.
A tradicional missa das dez da manhã, reunia a sociedade de outrora. A antiquissíma imagem da padroeira, desaparecida do incêndio de 1912, tinha nessa época, restaurado o seu belo manto, bordado a fio de ouro.. A procissão era acompanhada de muitos fiéis. À frente, o andor da santa homenageada; seguindo-o de São Sebastião, o do Coração de Jesus e o de São José. Meninas, vestidas de anjos, acompanhavam o cortejo.
Ao tempo do Pe. Chicó, as festas da padroeira eram realizadas da seguinte maneira: Havia, todos os dias, novenas cantadas, maestradas por Manoel Anacleto de Souza - Sr. Minéu. Os cantores eram: Manoel Bezerra de Melo, João Brayner (Joca), Saturnino Crisóstomos e João Gomes. Os versos eram tirados por Artur Gomes.
Como a missa era celebrada em Latin, sobressaíam os Canto Domini, Pater Noster, Ladainha em duas vozes, Tedeum, Tantum Ergo, Bênção do Santíssimo Sacramento e o Cântico final. Com o passar dos tempos, os cânticos sagrados passaram a ser comandados pelo Dr. Plácido de Souza, juntamente com os figurantes do grupo: Henrique Bezerra de Melo, Antônio Simplício Gomes da Silva, Manoel Bezerra de Melo, Oséis Telegrafista, Fraterno Cabral, Manoel Eduardo, Dolores Cardona, Olindina, Angélica e Josefa Maciel Monteiro, Antônio Lins, Maria Valéria (contralto), Josefa Lima, Francisquinha Melo e Francisquinha Bezerra. Os cânticos eram ainda acompanhados pelo Dr. Plácido de Souza, no saxofone ou clarinete, Esdras Emiliano de Souza, no trombone e Pedro Gomes Cabral na tuba.
Texto retirado do Livro: Bonito: Das Caçadas às Indústrias do Professor Dr. Flávio José Gomes Cabral
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