Nelson destacou essa história, não apenas revivendo pessoas e nomes famosos, mas também homenageando a cidade através de suas ruas. Muitas delas, hoje, não existem mais. O progresso, com todas as suas conseqüências, fez o seu trabalho, destruindo-as e, com elas, parte da história da cidade do Recife ou dando-lhe novos nomes, o saudoso maestro, no entanto, preservou-as, plenas de vida em seus versos.
"Ruas de minha infância
Quantas lembranças deixaram em mim
Augusta... Hortas... Alecrim..." (...)
Fez também adivinhações, brincou de "Boca de Forno", de "Coelho sai"; fez evocações, falou de sua "Veneza Americana" e de seus tipos populares; da Revolução de 30, da II Guerra Mundial, dos momentos românticos, alegres e tristes; disse da natureza humana, da tradição e dos costumes de sua gente.
Antes de morrer, fez questão de demonstrar a enorme gratidão pela cidade que o fez seu cidadão:
"Olhar o meu Recife,
Amar a sua gente
Que a graça da bondade
Sempre me concedeu.
Vivendo um mundo assim
De ternura e de beleza
Quanto é bom envelhecer
Assim como eu." (...)
Ainda em vida foi homenageado por prefeitos, governadores, clubes e entidades, tendo recebido das mãos do Presidente Médici, a condecoração como Oficial da Ordem Rio Branco.
Casado desde 1926 com Dona Aurora, que durante toda sua vida lhe serviu de musa inspiradora, além de companheira, amante a amiga, Nelson confessava sempre aos amigos que os maiores orgulhos de sua vida era ser pernambucano e poder despertar para Aurora. Foram anos e anos de doce felicidade com o filho e depois os netos, no antigo casarão da Av. Mário Melo, onde hoje se encontra a Praça Nelson Ferreira, na qual, em sua homenagem, lhe foi erigido o busto.
Nelson Ferreira, veio a falecer no dia 21 de dezembro de 1976, no Hospital Português do Recife e seu corpo foi transportado para o "hall" da Câmara Municipal, onde foi velado. O itinerário, em direção à sua última morada, ele o fez nos braços do povo ao som dos seus frevos e evocações.
Quando seus olhos se cerraram pela última vez, escreveu Gilberto Freyre no Diário de Pernambuco: "O vazio que deixa é o que nos faz ver como era grande pela sua música, pelo seu sorriso, pela sua fidalguia de pernambucano."
Continua...
Fonte: fundaj.gov.br
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