Lembro-me de tudo orquestrado, Tonho da venda colocando o chuveiro para a criançada tomar banho (e seus cliente também), ali eu já aguardava com minha bomba d'água, feita com um cano de PVC, um pedaço de havaianas velha e um cabo de vassoura, não tinha nada melhor que isso.
No bolso esquerdo, colorau. No direito, maizena. Faltava os amigos chegarem para começarmos a batalha. Uma brincadeira saudável, onde imperava o coleguismo e o respeito com o próximo. Rua acima estava Zé de Andrade, escutando as marchinhas de carnaval na sua pickup Ford F-75 de cor verde, a qual ele chamava carinhosamente de "Esperança".
Na venda de Tonho não podia faltar uma dupla inseparável, meu pai Gildo e o seu amigo Lindolfo, com quem dividia aos domingos uma grade de Antarctica. Chegando perto das 10 horas, começavam a aparecer os primeiros papangus, com as mais variadas roupas, porém, com uma mesma característica, máscara de fronha de travesseiro e luvas de meia social.
Já chegando perto do almoço era hora de partir com os amigos, com nossas bombas em mãos, seguindo em direção a avenida, local do famoso banho feito com canos furados e de bico amassado. O nosso tempo ali era marcado pela primeira briga, coisa que não demorava muito a acontecer.
Esse carnaval de outrora é saudoso, nos faz ver como era bom vivenciarmos aquele momento, aquela época, totalmente diferente dos dias atuais. Mas, meus amigos, o intuito de lembrar os meus antigos carnavais foi para dizer que o tempo mudou, que o entusiasmo não é mais o mesmo, que a única coisa que se espera desta época nos dias de hoje é o descanso.
Portanto, caros amigos e leitores, peço licença a cada um de vocês para me ausentar durante a folia de momo. O tempo passou, hoje encontro-me com família constituída, que se ver obrigada a dividir o precioso tempo com o meu notebook [ferramenta de trabalho], e nesse caso, nada mais justo que passarmos esse período juntos. Fico por aqui, com a promessa de retornarmos na quarta, quarta-feira de cinzas, quarta-feira ingrata.
Bom Carnaval!
Atenciosamente,
Wagner Wilker
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