
Técnicos da SRHE e Itep entendem que as cinco barragens são necessárias. Decisão pode comprometer as cachoeiras de Bonito
O apelo na rádio local é forte: a barragem de Serro Azul causará sérios e irreversíveis danos ambientais ao município de Bonito. Panfletos distribuídos nas ruas replicam mensagens ainda mais alarmantes: duas ou mais cachoeiras - uma das sete maravilhas de Pernambuco - serão totalmente inundadas, desaparecendo para sempre. Na cidade, não se fala em outra coisa. A possibilidade de perder seu maior cartão postal a partir do inverno de 2013, quando as águas do Rio Una já deverão estar represadas, está sendo alimentada, na população, por uma onda de informações desencontradas. Apesar de o governo esclarecer que, na prática, apenas uma cachoeira, a Véu da Noiva II, será parcialmente afetada com o projeto, parte da população custa a acreditar nesse discurso.
Em setembro de 2010, o governador Eduardo Campos resolveu investir em obras de engenharia para conter as enchentes na Mata Sul. No início deste ano, a Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos (SRHE) e o Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) concluíram que a melhor solução seria a construção das cinco barragens nos rios Una e Sirinhaém. A velocidade com que o estado bateu o martelo sobre a execução do projeto parece ter sido a mesma com que a notícia se espalhou na região afetada pelos reservatórios. Em Bonito, a reação foi imediata. A população começou a indagar por que teria que dividir a conta das enchentes com Palmares e Catende, municípios que sofreram com as cheias e que também vão ceder áreas para a construção de Serro Azul, e pagar, justamente, com seus recursos naturais.
A celeuma foi instalada em Bonito por causa do projeto inicial da barragem, que previa a acumulação de 380 milhões de metros cúbicos de água. Nessas condições, o lago formado pelo represamento do Una poderia atingir duas cachoeiras. Só que os técnicos redimensionaram a barragem e, agora, a proposta é que ela possa conter, no máximo, 303 milhões de metros cúbicos. “A cachoeira Véu da Noiva II está em uma área de utilidade pública. No entanto, ela não vai ser atingida regularmente, mas apenas quando acontecer a cheia de 100 anos. Mesmo assim, quando o nível do rio baixar, ela voltará à normalidade”, explica o diretor técnico do Itep e coordenador da Unidade Gestora de Projetos de Barragens, Ivan Dornelas.
Para o presidente da ONG Sabiá da Mata, Zenóbio Souza, o estado está “escondendo o jogo”. “Vamos perder a Véu da Noiva II e a Ecoparque. Já dizem até que uma terceira cachoeira, a do Mágico, está ameaçada, mas o Itep nega tudo”. A ONG é a responsável pela distribuição do panfleto que alerta sobre o perigo da barragem e pela veiculação das propagandas contra o projeto na rádio local. A divergência de informações tem deixado a população confusa e dividida. A vendedora Rafaela da Silva, 21 anos, era a favor do projeto, mas mudou de opinião depois que leu o informativo da ONG. “Mudei de ideia porque isso vai acabar com as nossas cachoeiras e com o turismo”, coloca. “Se tiver que prejudicar alguma cachoeira, vai ser uma pena. Mas se é para o bem de Palmares, Barreiros e Água Preta, sou de acordo”, contrapõe o mototaxista Joácio Bezerra, 36.
Em setembro de 2010, o governador Eduardo Campos resolveu investir em obras de engenharia para conter as enchentes na Mata Sul. No início deste ano, a Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos (SRHE) e o Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) concluíram que a melhor solução seria a construção das cinco barragens nos rios Una e Sirinhaém. A velocidade com que o estado bateu o martelo sobre a execução do projeto parece ter sido a mesma com que a notícia se espalhou na região afetada pelos reservatórios. Em Bonito, a reação foi imediata. A população começou a indagar por que teria que dividir a conta das enchentes com Palmares e Catende, municípios que sofreram com as cheias e que também vão ceder áreas para a construção de Serro Azul, e pagar, justamente, com seus recursos naturais.
A celeuma foi instalada em Bonito por causa do projeto inicial da barragem, que previa a acumulação de 380 milhões de metros cúbicos de água. Nessas condições, o lago formado pelo represamento do Una poderia atingir duas cachoeiras. Só que os técnicos redimensionaram a barragem e, agora, a proposta é que ela possa conter, no máximo, 303 milhões de metros cúbicos. “A cachoeira Véu da Noiva II está em uma área de utilidade pública. No entanto, ela não vai ser atingida regularmente, mas apenas quando acontecer a cheia de 100 anos. Mesmo assim, quando o nível do rio baixar, ela voltará à normalidade”, explica o diretor técnico do Itep e coordenador da Unidade Gestora de Projetos de Barragens, Ivan Dornelas.
Para o presidente da ONG Sabiá da Mata, Zenóbio Souza, o estado está “escondendo o jogo”. “Vamos perder a Véu da Noiva II e a Ecoparque. Já dizem até que uma terceira cachoeira, a do Mágico, está ameaçada, mas o Itep nega tudo”. A ONG é a responsável pela distribuição do panfleto que alerta sobre o perigo da barragem e pela veiculação das propagandas contra o projeto na rádio local. A divergência de informações tem deixado a população confusa e dividida. A vendedora Rafaela da Silva, 21 anos, era a favor do projeto, mas mudou de opinião depois que leu o informativo da ONG. “Mudei de ideia porque isso vai acabar com as nossas cachoeiras e com o turismo”, coloca. “Se tiver que prejudicar alguma cachoeira, vai ser uma pena. Mas se é para o bem de Palmares, Barreiros e Água Preta, sou de acordo”, contrapõe o mototaxista Joácio Bezerra, 36.
Por Ana Cláudia Dolores
Caderno Vida Urbana/Diário de Pernambuco
Recife, Segunda-feira, 07 de novembro de 2011
Imagem: Ricardo Fernandes/DP/D. A. Press
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