Por essa época, o município do Bonito tinha ceca de 109 plantações de cafeeiros, que, segundo o aludido escritor, atingiram a 530.000 pés, possuindo, cada uma, de 500 a 20.000 pés. E em 1877, por sinal um ano de crise, devido à saca, tal montante elevou-se a 800.000 pés, em 1878, o município chegou a dois milhões de plantas, as quais produziram 60.000 mudas, que foram plantadas em 1873.
Nas duas última décadas do Século XIX, destaca-se o Comendador Francisco Benício das Chagas, um grande cafeicultor e incentivador dessa cultura. Na sua propriedade, Barra Nova, em 1880, criou um engenhoso invento para despolpar café, movido a água. "A roda do motor, que move o maquinismo, em uma das extremidades do serrilho tem um rodete dentado, que trabalhava conjugado a outros, colocados no serrilho que move as mãos do pilão"(*)
O café bonitense era tido como um dos melhores de Pernambuco. Quando chegava ao Recife, atraia de imediato os compradores. O Diário de pernambuco que circulou em 19 de fevereiro de 1891, fez o seguinte anúncio sobre o café do Bonito
"Aos apreciadores do café - o estabelecimento do Sr. João Francisco Lopes, à Rua Duque de Caxias nº 54, acaba de receber, e expor à venda, não só excelentes máquinas para despolpar, e ventiladores para limpar e separar os tamanhos do grão do café, como porção do Bonito."
O Comendador Benício foi um dos maiores cafeicultores que o Bonito possuiu. sua propriedade, à época, era tida como a que possuía as melhores condições de aumentar o cultivo do café. Além do mais, aquele proprietário vivia a par da situação cafeeira nacional, e procurava estimular a cultura da rubiácea em seus domínios. Do "Diário de Pernambuco" do dia 24 de maio de 1981, fazemos a transcrição da coluna "Há um Século".
"Publicação a Pedido - Agricultura - Com o fim de aperfeiçoar o plantio na Comarca do Bonito, seguiu ontem no vapor Pernambuco, o Sr. Coronel Francisco Benício das Chagas, que vai com o propósito de visitar as principais fazendas de café das províncias do Rio, S. Paulo e Minas; é uma viagem que pode trazer muitos bons resultados, para o cultivo do café nesta Província, e com especialidade no Bonito, onde é o mesmo coronel um dos agricultores deste gênero mais adiantados; fazemos votos para que seja seu louvável intento coroado do mais feliz êxito. Recife, 24 de maio de 1881."
A plantação cafeeira em 1894, alcançou no Bonito 600.000 pés, produzindo cerca de 250.000 quilos de café, produção esta, superada apenas pela de Triunfo.
Na década de 20, o café, alcançou progresso admirável. Na exposição Intermunicipal realizada em Garanhuns, em 1928, foi o Bonito considerado"o maior produtor da saborosa rubiácea". Para aquela cidade, enviou o Bonito várias espécies da sua variada policultura. Como prêmio, conquistou o município bonitense uma estátua-troféu, oferecida pela Secretaria da Agricultura, simbolizando a vitória. Foi enfatizado pela comissão julgadora, que o Bonito era o mais antigo produtor de café do Estado, e seu produto considerado o mais gostoso.
Concorreu o Bonito em 1929, na "Exposição Internacional de Sevilha", sendo distinguido como o município pernambucano de maiores possibilidades, demonstradas através de grande variedade de amostras dos seu produtos. Pelas razões expostas, foi conferida, ao Bonito, uma medalha de ouro(**).
(*) Diário de Pernambuco. Coluna Há um Século - 3.10.1980
(**) Bonito Jornal, ano 1, 3.5.1930, nº 3.
Fonte: Livro: Das Caçadas às Indústrias - Flávio José Gomes Cabral
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