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Reprodução/Internet |
Entretanto, compreendi também ainda muito pequeno, que meu país era a nação do compadrio de interesses escusos, da falta de caráter, de moral e da roubalheira indiscriminada. Até criamos um termo só nosso: o jeitinho brasileiro. Porém, sempre achei que havia uma saída, pois sempre ouvia que haveria um novo “marco” que mudaria o país. Como assim?
Desde jovem ouvi vários desses “marcos”: Na política, o governo de Lula seria um “marco” na luta por distribuição de renda e mais igualdade; Na economia, li sobre um “marco” do pré-sal, mais especificamente no RJ; No esporte, as noticias diziam que a Copa e a Olimpíada seriam “marcos” para jovens atletas e para a infra-estrutura do país; Liguei a TV e vi as grandes avenidas do Brasil apinhadas de gente pedindo a saída de uma Presidente, achei que aquilo também seria um “marco”. Em verdade, bem que acreditei que todos esses eram realmente “marcos”, ledo engano.
Hoje, o que tenho é um legado de “marcos” frustrados. Hoje eu vejo que, como diz a música do Cazuza, aquele garoto que saiu de Caetés- Pernambuco e que iria mudar o mundo, freqüenta agora as festas do “Grand Monde”. Hoje eu vejo que o Estado do pré-sal está as baratas, sem dinheiro nem para pagar seus servidores e, agravante, com vários homens públicos atrás das grades. Hoje eu vejo elefantes brancos, dirigentes de federações esportivas sendo caçados pela PF e crianças com potencial sem saber que poderiam nos dar medalhas e alegrias.
Hoje eu ligo a TV e vejo um silêncio inquietante quando direitos trabalhistas e previdenciários são jogados no lixo. Dessarte, ao pensar nisso, acabo tendo um “marco” de discernimento: somos o país que não sabe aproveitar as oportunidades.
Então, estaríamos, pois, porventura, condenados a viver em um Brasil do eterno jeitinho brasileiro? Com essa dúvida enervante, vou informa-me do que está acontecendo e vejo um jornalista dizendo que a operação Lava-jato, e agora a divulgação da delação do fim do mundo, são “marcos divisórios” que permitiram que os brasileiros extirpem os maus políticos e, conseqüentemente, o jeitinho brasileiro que tanto tem sido nefasto para nosso povo sofrido.
Acreditei! Acho que algumas coisas não mudam, sou brasileiro e não desisto nunca! Você também não deveria, quem sabe esse não seja “o marco”, o divisor de águas, cabe a mim e a você que assim o seja.
Murilo Gonçalves é Policial Militar e Estudante de Direito
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