Após três dias de braços cruzados, termina a greve da Polícia Militar
e Bombeiros de Pernambuco. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (15)
à noite, depois de assembleia tensa dos PMs, ao lado do Palácio do
Campo das Princesas, área central do Recife. A paralisação começou na
última terça-feira (13) e, nas últimas 48 horas, a população
pernambucana viveu um verdadeiro clima de guerra, com tanques do
Exército circulando nas ruas da Região Metropolitana do Recife. O fim da
greve não foi unânime, mas os soldados devem voltar ao trabalho na
noite desta quinta.
A categoria conquistou quatro pontos considerados emergenciais. São
eles: incorporação de gratificação por risco de morte ao salário base,
beneficiando ativos e inativos; reformulação do plano de cargos e
carreiras a partir da próxima segunda-feira (19), com a criação de uma
comissão que irá avaliar junto aos deputados estaduais as promoções na
categoria; reestruturação do Hospital da Polícia Militar e criação de
unidades de saúde para a categoria no interior do Estado; além da
promessa do governo estadual de que o aumento salarial voltará a ser
debatido na primeira semana de janeiro de 2015, após os impedimentos
causados pela lei de responsabilidade fiscal e lei eleitoral.
Veja o vídeo com um dos líderes do movimento, Joel Maurino:
Apesar de aprovado, o fim da greve não foi pacífico entre os
integrantes da categoria. Um pequeno grupo mais exaltado seguiu na
frente do Palácio do Campo das Princesas, onde a negociação foi
realizada, gritando que os líderes do movimento eram covardes por terem
encerrado a paralisação. A insatisfação se dá, principalmente, porque
mesmo após as conquistas alcançadas, os policiais militares e bombeiros
não terão um aumento salarial real após a greve. Outra reclamação é de
que o fim da greve não foi votado em assembleia mas sim anunciada pelas
lideranças da manifestação.
Mesmo com a insatisfação de alguns, os primeiros beneficíos do
pós-greve começarão a ser sentidos a partir do mês de junho. No próximo
mês, os soldados receberão o salário incorporado ao auxílio de risco de
morte e mais o aumento de 14,55% previsto desde 2011. Além disso, já na
segunda-feira (19), uma comissão de dez policiais e bombeiros começam a
avaliar a reestruturação do Plano de Cargos e Carreiras. Dentro desse
contexto, uma outra conquista para a categoria é a promessa de que as
promoções acontecerão a cada cinco anos. Segundo os líderes do
movimento, essa determinação é importante porque há soldados que
aguardam um escalonamento há cerca de 25 anos.
Já no que diz respeito à reestruturação do Hospital da Polícia
Militar de Pernambuco, o governo do Estado garantiu o investimento de R$
4 milhões. Ainda há a proposta de criar unidades de saúde voltadas para
a categoria em cidades do interior pernambucano. Os PMs e bombeiros
também comemoraram a aprovação da revisão do Código Disciplinar da
classe.
Sobre uma nova negociação salarial, prevista para a primeira semana
de janeiro de 2015, os líderes sindicalistas garantem que se a promessa
do governo não for cumprida, a categoria voltará a se mobilizar.
Inicialmente, o pedido da classe é de que haja um aumento de 50% no
subsídio dos praças e 30% para os oficiais, além do reajuste de R$ 150
para R$ 500 do vale alimentação. O tema não pôde ser debatido porque o
Estado é impedido de oferecer reajustes salariais faltando menos de 180
dias para as eleições, que ocorrem em outubro.
REFLEXOS DA GREVE - O clima de insegurança começou
com ondas de boatos nas redes sociais e se concretizou com cenas de
vandalismo e saques em vários supermercados. Nesta quinta-feira,
terceiro dia da greve, lojas, escolas e instituições públicas fecharam
as portas. A Força Nacional de Segurança e o Exército estiveram nas ruas
na ação intitulada "Operação Pernambuco".
Os soldados permanecerão nas ruas até que a ordem seja restaurada no Estado.
NE10
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