
Até 2012, o governador de Pernambuco gastava R$ 55 milhões anuais com
propaganda. No ano passado, reajustou o valor em 25%. Agora, o aumento
será de 42,9%. Metade dessa verba é dedicada à publicidade institucional do governo.
Nos últimos cinco anos, a tarefa foi destinada à agência Link Bagg, do
publicitário Edson Barbosa, marqueteiro de Campos.
Ao mesmo tempo em que atendia o Estado, sendo remunerado com recursos
públicos, ele coordenou as campanhas eleitorais do governador e do
prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB). Além disso, produziu os programas do PSB na TV, incluindo as peças que
apresentaram Campos ao eleitorado nacional como pré-candidato ao
Planalto.
A nova concorrência chegou à sua fase final na última sexta-feira, com o julgamento das propostas técnicas. A Link Bagg saiu na frente para continuar com a principal conta do
Estado. Ficou em primeiro lugar para comandar a publicidade
institucional, um contrato de R$ 50 milhões até o fim do ano.
Em 2013, a empresa recebeu R$ 42,5 milhões para realizar o serviço. A
empresa e o governo afirmam não ver conflito de interesses ou
impedimento legal na contratação. O ranking das empresas que participam da licitação foi publicado no
sábado pelo "Diário Oficial" de Pernambuco. O Estado disse que ainda
aguarda a entrega das propostas de preço para anunciar o resultado
oficial.
O segundo lote da concorrência prevê R$ 25 milhões em publicidade de
utilidade pública. Neste segmento, a disputa é liderada pela agência
Blackninja, do cientista político Antonio Lavareda. A exemplo da Link Bagg, a empresa aparece como favorita para manter uma
conta que já comanda no governo. No ano passado, recebeu R$ 13,75
milhões, segundo informações da Casa Civil. Até 2012, ganhava R$ 11
milhões.
Lavareda também presta serviços de marketing para Campos. Nos últimos
meses, coordenou pesquisas para o lançamento de Campos como
pré-candidato à Presidência. O governo não fazia uma licitação de publicidade desde 2008, quando a
Link Bagg e a Blackninja assumiram suas contas. Desde então, os
contratos foram prorrogados por meio de nove aditivos.
O Estado afirma que isso é permitido desde que os serviços sejam satisfatórios.
OUTRO LADO
O governo de Pernambuco afirma não ver problemas no fato de contratar
agências que prestam serviços de marketing ao PSB e ao governador
Eduardo Campos.
"Não existe nenhum impedimento legal quanto à participação em
concorrências públicas de empresas cujos sócios proprietários prestam
serviços a partidos políticos", diz a Casa Civil do Estado.
O governo afirma que suas demandas de publicidade "ocorrem independentemente do cenário político".
Edinho Barbosa, da Link Bagg, diz que não há conflito de interesse por atuar para o Estado e para o governador.
Antonio Lavareda, da Blackninja, diz que não acompanha o contrato com o
Estado. Renata Gusmão, diretora da empresa, diz que não há consultoria a
Campos.
FOLHA DE SÃO PAULO
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