Em nosso primeiro encontro, fizemos um breve histórico da nossa trajetória no mundo. Dando continuidade, hoje vamos verificar alguns acontecimentos no Brasil.
Ao longo da história, várias foram as referências para Pessoas com Deficiência: "aleijados", "enjeitados", "mancos", "cegos", "surdos-mudos", "doentes", considerados os seres mais pobres e miseráveis. Mecanismos de exclusão, políticas de assistencialismo, caridade, inferioridade, incapacidade, oportunismo, foram construídos culturalmente.
Ao longo do século XX, com o avanço da medicina surgiu uma atenção maior em relação as pessoas com deficiência. Foram criados hospitais-escolas, como o Hospital das Clínicas de São Paulo e a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos; esse fato, possibilitou que a deficiência fosse tratada em ambientes hospitalares e assistenciais, os médicos tornavam-se especialistas e daí passavam a influenciar também na questão educacional.
Na década de 40 criou-se a expressão "crianças excepcionais", sobre elas o senso comum indicava que não poderiam estar nas escolas regulares decorrendo daí a criação de entidades conhecidas até hoje, como a Sociedade Pestalozzi de São Paulo e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE -, passando o poder público a ser pressionado a criar a chamada "educação especial", sendo inserida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961.
A partir daí, e de maneira ainda espantosa e intrigante para a maioria; no entanto, para alguns foi ficando cada vez mais perceptível que as pessoas com deficiência poderiam também estar e participar dos ambientes escolares, de trabalho, frequentando o comércio, bares, restaurantes, igrejas, prédios públicos, e essa percepção foi fazendo a diferença.
Podemos afirmar que o ano de 1981 foi um marco na trajetória, pois foi declarado pela O.N.U como o Ano Internacional da Pessoa Deficiente (AIPD). De acordo com Figueira (2008) :" se até aqui a pessoa com deficiência caminhou em silêncio, excluída ou segregada em entidades, a partir de 1981 - Ano Internacional da Pessoa Deficiente - tomando consciência de si, passou a se organizar politicamente. E, como consequência, a ser notada na sociedade, atingindo significativas conquistas".
Sabemos que antes de 1981, também tivemos inúmeros casos de êxito e conquistas individuais, mas a partir de 1981 ficou registrada a marca de avanço, reconhecimento, e fortalecimento mútuo e coletivo de pessoas que viviam à margem da sociedade, ou vistas como um peso/fardo para as famílias além de toda forma de preconceito e discriminação.
A luta não é fácil e nunca foi, ela é árdua e constante, ao longo da trajetória marcas de eliminação e exclusão, rótulos de pessoas incapazes e/ou doentes. Pessoas que criaram forças a partir das suas limitações e dificuldades, não foi fruto do acaso mas esse grupo sobreviveu, passou a construir, exigir e usufruir de direitos civis, políticos, sociais e econômicos. Permanecemos na luta, sempre em busca de uma sociedade mais justa e igualitária, porque somos cidadãos e não abrimos mão de construir a nossa própria história.
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